Europeias 2019: e o que tenho eu com isso?
Nas últimas eleições para o Parlamento Europeu, a abstenção venceu em Portugal por maioria absoluta. Quem não votou, ganhou. Quem decidiu não participar, não cumprir o seu dever, não exercer o seu mais basilar direito democrático, venceu. Ganhámos uma Europa menos representativa e com isso perdemos todos.
No dia 26 de maio, último domingo do presente mês, somos novamente chamados às urnas, mas continuamos a dizer que não temos intenção de votar. São muito poucos, assustadoramente poucos, os portugueses que afirmam com toda a certeza que vão votar. Isto prende-se (com preguiça, também – assunto para outro dia) com uma ideia que temos vindo a conceber (e que a União Europeia nos permite consolidar com uma fraca estratégia de comunicação e de proximidade com cada um de nós) de que esta ideia de Europa está gasta, cada vez mais vazia, que não tem implicações diretas no nosso quotidiano de cidadão português. É mentira e é verdade. A União Europeia tem, sim, influência direta no nosso modo de vida, mas esta nossa memória curta e esta nossa facilidade em tomarmos tudo como garantido não nos permitem ver isso. É verdade que a Europa mais parece o velho do Restelo a
tentar adaptar-se ao século XXI sem wi-fi – parece impossível (já o provou o Partido Comunista Português). Esta é a maior razão de todas para irmos votar: querer mudar! Se julgamos todos que esta Europa não nos serve, mudemo-la. Só o podemos fazer através do voto e, depois disso, temos legitimidade para fazer chegar a quem elegemos as nossas exigências, nomeadamente que falem connosco! Quantos de nós sabemos como é que a União Europeia funciona? O que se faz “por lá” no dia a dia? Quem é que decide e como? Por que é que tudo nos parece tão distante?
Nestas eleições para o Parlamento Europeu vamos dar o nosso voto e exigir de quem elegermos as respostas a que temos direito. Mais informados, vamos participar, contribuir, construir uma nova Europa – melhor, modernizada, representativa, de todos.
Poder ler (aqui) todos os artigos de Leila Alexandre.
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O Parlamento Europeu precisa urgentemente de partidos europeus, com programas políticos para uma Europa cada vez mais unida e justa. Sem essa reforma e correspondente concorrência dos partidos pan-europeus, os partidos nacionais irão continuar a puxar a brasa europeia para a sua própria sardinha nacional, não obstante a sua integração em grupos parlamentares europeus mais ou menos heterogéneos.